sábado, 16 de janeiro de 2010

Amazónia IV

Esta viagem ao coração da floresta Amazónica foi sem dúvida uma experiência única, cheia de surpresas e, curiosamente em áreas muito distintas.
Ao longo de duas semanas não vi internet, e-mails e, apenas em dois dias tive rede de telemóvel.
Praticamente em toda a viagem não vimos outros turistas. Os ditos turistas, os genuínos, só em Manaus e arredores.
Foram dias e dias sem quase ver pessoas, e as pouquíssimas que vislumbramos eram habitantes locais. A floresta Amazónica veio confirmar-me mais uma vez que o mundo está cheio de mitos e fantasias criadas e alimentadas pelo próprio Homem. Os recantos de animais perigosos, os venenos mais poderosos do planeta, os seres vivos mais ferozes, na maioria dos casos, não passam de especulação, hiperbolização, ou mesmo fanfarronice do bicho Homem.
Claro que há animais que possuem substâncias tóxicas para o ser humano, que podem inclusivé, matar uma pessoa em pouco tempo. Mas isso é quase como jogar no Totoloto.
Neste caso não penso que o “prémio” só sai aos outros, bem pode “sair-me a mim”, mas até ser picado, mordido, atacado a cada mergulho, em cada incursão na floresta profunda, vai uma GRANDE distância. Com as devidas cautelas, a “sorte grande” pode ficar cada vez mais longe...
Os mitos dos oceanos, há muito que foram desmistificados para mim. Agora foi a vez da floresta tropical.
Reconheço que, apesar de alguns conhecimentos previamente adquiridos, a “Fantasia Tropical” inerente à Floresta Amazónica, ainda “vivia” para mim, catalogada como algo de misterioso, agreste, ou mesmo perigoso, até “mergulhar” nela com os meus próprios sentidos.
Há perigos reais, não desdenho essa ideia, mas de um inferno verde, como li por diversas vezes, a um local tranquilo, harmonioso, sem grandes perigos, que merece o nosso respeito, atenção e carinho, há uma grande distância.
Muitos dos perigos nos mais variados ambientes não passam de comportamentos desastrados do homem, ou o desrespeito pelas mais elementares regras de segurança.
Nesta viagem aprendi MUITO, sobre floresta, sobre a relação Homem-Floresta, sobre ilustração científica, sobre equipamento fotográfico em ambiente tropical.
Foi um privilégio conviver durante dias com homens (tripulação do “Dorinha”) que viveram grande parte das suas vidas em profundo contacto com a selva e com os seus animais.
Por fim resta-me agradecer também ao grupo de portugueses que integrou esta equipa, pois sem a ajuda de todos eles não teria produzido muitas das imagens que captei nesta bonita zona do Brasil.





Da Esq. > Dirt. Marco Correia (excelente ilustrador cientifico e óptimo “batedor”), Renato, um verdadeiro Homem da Selva e LQ. Foto: Henrique Queiroga.
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