sábado, 11 de fevereiro de 2017

Saber Matar !

Ontem recebi o soberbo livro de dois dos maiores nomes da fotografia de natureza mundial, Vincent Munier e Laurent Ballesta :: Adélie - terre & mer.
É um hino ao bom gosto, ao trabalho com rigor, onde a essência do belo emerge sem recurso a artifícios gráficos.
Uma classificação de 20 valores pode não chegar para valorizar todo o conjunto, impressão, fotografias, grafismo e acabamento.
Depois de sonharem, de viverem, os autores souberam editar e aceitar as sugestões dos editores.
Estes dois livros que totalizam 208 páginas, 104 cada um deles, apenas possuem 45 imagens de cada autor. Fascinantes, inspiradoras, magistralmente captadas.
Há conceitos que estão escritos há muito tempo, um deles, que me palpita regularmente é tão simples quanto... "menos é mais".
Publicar apenas 45 fotografias é MUITO MELHOR do que publicar 65, em que por vezes, muitas delas são tão semelhantes, de sequências iguais, que retiram força ao que já contemplamos em páginas anteriores.
Para quem publica livros em Portugal, devia ser obrigatório ver e compreender meia dúzia de obras de referência neste domínio.
Recentemente vi uma meia dúzia de livros publicados em Portugal por fotógrafos nacionais.
Verifico que muitos autores depois de conseguirem captar imagens em diversos locais do planeta, de conseguirem financiamento para imprimir um livro, desperdicem a oportunidade de deixar um produto satisfatório para todos nós, apenas por, nada ou pouco saberem de edição, grafismo e se transformarem em "homens orquestra" a fazer tudo...
Retenho este conceito como regra de ouro...

- Escrever um guião, é como sonhar
- Fotografar ou filmar é como viver
- Editar, é como matar

O deslumbre com as imagens captadas, as emoções descontroladas, o desconhecimento de regras de paginação e o pressuposto de que muitas fotografias, muitas páginas, uma boa lombada faz de um livro, um produto melhor, é a receita menos recomendável para se produzir um livro. Desta forma se publicam fracos livros de natureza, em Portugal.
Aplaudir ruidosamente o fraco, ou o suficiente, é meio caminho para se estagnar, para se voltar a repetir os mesmos erros.
É necessário saber "matar" depois de sonhar e viver...


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