domingo, 27 de setembro de 2009

Uma hora para relembrar

Na segunda tarde pela Serra da Lousã, tentei novamente a minha sorte. O ponto de partida foi quase sempre o mesmo, pois a vista daquele local é soberba. Com boas condições meteorológicas e bichos a circular posso ver uma área enorme e escolher a forma de aproximação, bem como o caminho para lá chegar. No local de observação encontrei dois biólogos que monitorizam os veados há muitos anos. As minhas dúvidas sobre tantas alterações nos animais tranformaram-se em inúmeras perguntas. E as respostas não fugiram muito ao que supunha. A fase de construção dos parques eólicos foi decisiva para alterar a rotina da brama desta população de veados. "Agora os veados ficam mais nos vales, berram lá mais em baixo. Muitos deles só aparecem nas cumeadas já de noite!" descreveu a bióloga Joana. "Os veados que observo são animais jovens, os maiores não se deixam ver tão facilmente como antigamente. Vejo menos femêas com crias" e continuou "Há cada vez mais furtivismo na serra, toda esta população está em alteração" concluiu. De binóculos apontados para uma das encostas mais próximas indicou-me um veado macho acompanhado de uma fêmea com cria. Fui tentar uma aproximação aquele casal, mas a luz já era muito fraca. Cheguei perto, mas fotograficamente nada resultou. Era um macho com uma boa cabeça, uma armação com catorze pontas.
No dia seguinte e na derradeira oportunidade para ficar cara a cara com um das grandes mamíferos, optamos por fazer uma "volta" a pé. Eu mais o Ricardo estamos a rodar um pequeno filme sobre a serra e os veados. já tinhamos imagens de paisagens, e de alguns pequenos animais, bem como de insectos, mas faltava-nos alguns bons planos de veados.
Assim que parei o carro, procurei com os binóculos animais nas encostas. Vi uma família a subir de um vale.
Rapidamente nos colocamos a caminho pois às 7:00h da manhã ainda havia pouco movimento. Quando caminhavamos pelo meio da floresta vi um vulto branco a evoluir pelo meio da urze. Tal era o insólito que nem consegui identificar rapidamente o que via. Às 7:00h da manhã e no meio da serra já andava um homem a tratar de algumas colmeias. Quando passamos mais perto o "fantasma" meteu-se no carro e partiu. Com algum barulho temi pela tranquilidade da família de veados que tentavamos a aproximação.
Após mais alguns minutos estavamos em frente aos veados, a fêmea e a cria pastavam, o macho tinha desaparecido. O vento estava a nosso favor e isso foi excelente para a nossa aproximação. Mais a baixo vi um macho de pequeno porte, tinha a haste da direita partida. Mais uma espreitadela pelos Steiner 10x40 e descubri outro macho, era o que estava com a fêmea, tinha descido para um planalto 200m mais a Sul.
Berravam e deslocavam-se vagarosamente, até que algo os agitou, cada um foi para seu lado em pouco tempo.
Imponente, do vale, emergia um grande macho, vinha "enfeitado" com fetos nas hastes. A brama era potente.
Vinha tão empenhado na sua missão que não nos viu. Continuou a subir e veio na nossa direcção. Só tinhamos de esperar, quando ele dobrasse a encosta estaria a pouco mais de 50 metros das nossas objectivas. Alguns minutos depois começo a ver a armação aparecer por cima da vegetação. Era enorme, e enchia-me todo o écran da câmara fotográfica. Fiz uma série de fotos, com uma luz muito agradável.
Na outra encosta a fêmea deu de mamar à sua cria. Foi uma manhã perfeita.

2 comentários:

Estevão disse...

Que grande bicho! Gostava de ver as fotos mais perto! Saudades da brama... :)

garina do mar disse...

que espectáculo!!! este ano não tive hipótese de lá ir ;(