terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Concluir uma história...

Ao longo de anos tenho percorridos vários oceanos e vivido inúmeras histórias que li em livros. Muitas situações foram quase como reviver pessoalmente leituras assimiladas há uns bons anos.
Já perdi a conta as vezes que li "O velho e o mar" de Ernest Hemingway.
Em várias páginas descreve o mar aberto como ninguém ... as cores, os cheiros, o ambiente marinho e naturalmente os seus habitantes.
Em várias viagens às Bahamas, Açores, Canárias, Madeira e Brasil contemplei com os meus sentidos muitas das linhas escritas pelo prémio Nobel da literatura, essencialmente o ambiente marinho, o cenário onde a narrativa se desenrola.
Mas para percepcionar todo o livro do princípio ao fim, faltava-me o lado humano da pesca, da fibra e garra dos pescadores e os utensílios simples e rudimentares! faltava conhecer os sujeitos que não habitavam no mar.
Andei perto de ver uma pesca muito artesanal, ancestral, quer em Moçambique, quer em Cabo Verde, mas mesmo nestes locais faltava algo que não completava a minha leitura da obra. Havia detalhes modernos que me afastavam da poesia da escrita de Hemingway.
Este ano numa viagem a S. Tomé e Principe, comecei a vislumbrar os detalhes que me fugiam da narrativa da bela história do pescador Santiago.
Na praia de Ribeiro Afonso em S.Tomé tudo é genuíno, a aldeia de pescadores com as suas casas, as canoas, os materiais rudimentares de pesca, ou mesmo os peixes que são apanhadas, condizem em muito com a prosa do escritor.
Não estava perante um cenário para turista sonhar, ou para "vender suvenires", o que via e fotografava era verdadeiro e actual.
Quando caminhei pela areia da praia e vi as primeiras canoas com as pagaias, os mastros, os cabos e velas, senti que ia recuar no tempo e testemunhar uma maneira muito antiga de pescar.
Suspeito que o material mais moderno que estes pescadores equatoriais possuem a bordo são as linhas de nylon. 
Na ilha do Principe aprofundei mais o contacto com os pescadores e todo o seu processo de faina e preparação do pescado!
Desde a construção das canoas, aos métodos de pesca, os peixes/espécies capturados, tudo batia certo e me "concluía" de forma inesquecível a história de "O velho e o mar" escrita em 1951.

Ao final da manhã na praia de Ribeiro Afonso :: S.Tomé


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